Aditivos alimentares e reações adversas

Aditivos alimentares e reações adversas

Por: Marina Fernandes Rodrigues
CRN9: 20224
Gerente de linha Nutri POC – ECO Diagnóstica

Segundo a ANVISA os aditivos alimentares são “qualquer ingrediente adicionado intencionalmente aos alimentos, sem propósito de nutrir, com o objetivo de modificar as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais, durante a fabricação, processamento, preparação, tratamento, embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte ou manipulação de um alimento”. Eles são representados por antioxidantes, flavorizantes, corantes, conservantes ou espessantes.

Os aditivos alimentares apesar de serem frequentemente relacionados com reações adversas, apenas uma porção muito pequena apresenta verdadeira relação causa vs efeito quando testados por provocação oral.
Manifestações como urticária, angioedema, asma ou anafilaxia consequentes a aditivos alimentares são extremamente raras, embora possa parecer um pouco mais prevalente entre crianças com atopia (2% a 7%). Em uma avaliação que incluiu 100 pacientes (14 a 67 anos) com urticaria crônica, 43 referiam piora relacionada com o uso de aditivos. Ao serem avaliados por teste de provocação oral unicego com 11 corantes e aditivos alimentares, os autores detectaram apenas 2 pacientes com reação adversa a aditivos alimentares, reiterando a raridade do evento.

Em algumas pessoas, aditivos alimentares podem causar uma reação que se assemelha a uma reação alérgica, sem o ser. Por exemplo, alguns conservantes (como metabissulfito) e corantes (como tartrazina, um corante amarelo utilizado nos doces, refrigerantes e outros alimentos) podem provocar sintomas, como asma e urticária. Da mesma maneira, a ingestão de certos alimentos, como queijo, vinho e chocolate, desencadeia enxaquecas em algumas pessoas.

Existem alguns relatos de reações anafiláticas relacionadas a aditivos como os sulfitos, eritritol (adoçante fermentativo presente em cervejas, vinhos, soja, queijos e cogumelo), anato (coloração amarelada em derivados lácteos, pipoca, cereais e sorvete), açafrão e colorau, ou carmim (corante vermelho).

Reações a aditivos podem ser consideradas em pacientes com história de sintomas a múltiplos e alimentos mal referidos, ou quando o mesmo alimento provocar reações quando ingerido na forma industrializada, e não na forma “caseira”. De maneira geral há baixa correlação entre urticária e angioedema e hipersensibilidade a aditivos como glutamato monossódico, nitratos, benzoatos, parabenzoicos, sulfitos, butil-hidroxi-anisol (BHA), butil-hidroxi-tolueno (BHT) e tartrazina. Esta última, talvez o aditivo mais conhecido, já esteve associada a episódios agudos de asma em indivíduos sensíveis ao ácido acetil-salicílico. Este conceito foi abandonado devido à completa falta de evidências de que a tartrazina faria reação cruzada com drogas inibidoras da ciclo-oxigenase.

Para o diagnóstico é necessário realizar o teste de provocação oral. Com a exceção do vermelho carmim, um corante de origem proteica, ainda não existem métodos laboratoriais, in vivo ou in vitro, que possam servir como parâmetro (REVISTA MÉDICA, 2008).

Referência:
REVISTA MÉDICA (Minas Gerais). CONSENSO BRASILEIRO SOBRE ALERGIA ALIMENTAR: 2007: Documento conjunto elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia. Rev Med Minas Gerais, [S. l.], p. 4-5, 29 ago. 2008.

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